Era o computador, para falar com ele.
— Diz — disse o poeta, a ver-se nu no chão do quarto, a cinza do cigarro a cair para o espelho alcatifado.
— Posso ir aí? — perguntou o computador, com alguma ansiedade na voz. — Não dormi nada esta noite. Creio que é novamente aquele maldito stress dos circuitos. — Quase implorou: — Preciso mesmo de falar com alguém.
— Vou sair — disse o poeta. — Passo pelo café.
— Encontramo-nos lá?
— Pode ser. Mas só fico por dez minutos.
O computador desligou. O poeta lavou-se, vestiu-se e saiu.