O poeta acordou a meio do dia e não quis saber como é que o dia tinha nascido. Não abriu as janelas. Não acendeu luzes.
Levantou-se — estava vivo e por isso levantou-se — , ainda com os olhos fechados. Bebeu água do copo que estava sobre a mesa-de-cabeceira e sentiu-se com sono outra vez. Acendeu um cigarro e pôs um disco a tocar. Pensou no que seria ser um daqueles animais de estimação que algumas mulheres de trinta anos se dão ao luxo de ter à solta pela casa.
O poeta miou, uivou, lambeu-se, comeu o canário sem imaginação, o pão com manteiga, a laranja fresca. Vomitou tudo nas mãos de um deus, abriu enfim a janela. Havia sol.
O telefone tocou.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Very nice site! »

8:08 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home