O computador chegou, com olheiras, e começou logo a falar de organização. O poeta não lhe ligou; fez que sim, com a cabeça, repetidas vezes, mas apenas por mera cortesia: os computadores auto-suficientes estavam a tornar-se demasiado susceptíveis às coisas da civilização, e agora era preciso ajudá-los de alguma forma. Stress dos circuitos. Conversar? Pois sim.
Teatro com muita encenação e teatro com pouca encenação, negócios grandes, filmagens e imagens, de tudo isso o computador falou ainda, sem por um momento abrandar o ritmo bem cadenciado do seu monólogo.
Discretamente, o poeta bocejou. O tédio magoava-o mais que a própria dor, e não estava mesmo com paciência para suportar tudo aquilo.
— Estou com alguma pressa — afirmou ele, erguendo-se em si.