Nos semáforos, o poeta encontrou o engenheiro.
— Saudações, ó construtor — disse o poeta.
— O que é construir? — perguntou-lhe o engenheiro.
E respondeu o poeta:
— Construir é destruir. É conhecimento em acção. É como dizer: as pessoas são sacos vazios. Bom, vão-se enchendo. Depois chega povo a Babel. Constrói-se a torre, confundem-se as línguas, a torre cai. Babel, no entanto, continua a existir: a torre cai sempre, ergue-se sempre. Destruir é construir.
— Sinto-me feliz por não ser arquitecto — afirmou, convicto, o engenheiro.
— Porquê? Todo o trabalho é construção.
O sinal ficou verde. O poeta atravessou a rua, o engenheiro não.

3 Comments:

Blogger JPD said...

Muito bom este texto.
Da Babel ao Mito de Sísifo ou as celebradas referências ao Alvaro de Campos?
Um abraço

9:44 da tarde  
Blogger la machina said...

É curioso, mas se existem nestes meus textos algumas das referências que citas, tal só acontecerá por as ter assimiladas e já nem dar por elas em mim. A história que estou a contar, essa, é de facto outra. Espero que quando chegarmos ao fim do ovo isso se torne mais claro.

8:46 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Enjoyed a lot! Guaranteed roulette profit Lug nut tork specs 2002 toyota camry term finder insurance H4150 pda software Ambien withdrawl 2006 Sexhound free nude teens 13gb hard drives merchant account 2001 suzuki 165 atv Cj 5 jeeps Used isuzu trooper parts cooper mastercraft tire Search engine marketing buyers guide launches amid industry word games Pure diazepam

2:10 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home