“Dá-me o que me dás”, disse o poeta. “Só isso quero, só isso aceito”.
“E tudo o mais?”, perguntou a mulher.
“Tudo o mais é tempo, e eu falo da liberdade. Quero-a. Por isso não me prendas, que quem prende perde. Aceita de mim o que houver, tu também. Seremos um perante o outro sem intenção. Será bom”.
Estavam no mundo, a mulher e o poeta, estavam no meio dos outros, difícil lhes parecia aquele jogo. E, no entanto, sabiam do gozo de gozar, por mais dificuldades que por ele lhe viessem. Discursavam para esquecer.
Ergueram-se então do leito das conversas, lúcidos. Puseram-se dentro das roupas. Um deles abriu a janela, de uma vez só.
Enfrentaram a luz. Um dia novo estava a nascer da noite já morta, cheio de sol, serenidade na terra.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Keep up the good work » » »

6:24 da tarde  

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