A fortaleza é uma construção num lugar elevado e nu. O poeta olha-a, lá do fundo do vale. Tem os pensamentos claros, mas os sentimentos cheios de imagens: aquilo surgiu tão de súbito que um sobressalto ecoou nos amplos salões do seu coração. É como se se dissesse: “o rei não morreu”, ou: “o desaparecido regressou”.
Ou não é nada disso, mas imagens, somente: tudo o que se crê que se acredita, talvez, de uma só vez.
Inesperadamente, o poeta tem todo o aspecto de um homem: a pele suja de muita poeira, as olheiras cansadas sob o olhar brilhante, a roupa gasta, o odor a suor, a barba crescida.
É um homem, o poeta, e ei-lo na última etapa de um sonho maior.
Ouço-o a falar em voz alta, para si próprio:
“Já leste este livro?”
Porque ele está a lê-lo, com uma boa largura de ombros. E está a gostar, e pensa: “do princípio ao fim”.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

best regards, nice info »

10:39 da manhã  

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