(Sou o poeta. É admissível. Quero eu dizer que admito essa realidade: os factos e as circunstâncias, tais como são.)
O poeta vai de viagem, na aventura. Depois das boleias, teve de se dedicar aos expedientes, à sabedoria das ocasiões. O acaso, em suma.
Agora vai a pé. Pensa.
Esta terra é selvagem. Selva, ou aridez. Janta numa estalagem surpreendente, em certo ponto do caminho. Embebeda-se. Grandes gargalhadas na sala nobre.
Depois de dormir, sai e enfrenta o dragão, tal como já sabemos. Sejamos generosos: o poeta vence o combate.
Prossegue.
Será que se chega a algum lado? Complicações, etc.
Mas é-lhe indiferente. Porque tudo existe — e, contudo, ele sabe o que quer.
Vêm os mosquitos e as febres, as areias movediças, os desertos escaldantes, os rios rápidos, os fantasmagóricos inimigos mitológicos. Traduzindo: toda aquela pandilha folclórica das aventuras estereotipadas.
E o poeta luta, canta, rasga papelões: até a palhaçada é preciso acreditá-la, para vencê-la.
Etc., ainda.