OS AMIGOS

A amizade é não fazer peso.
Estás sozinho, e de repente não te apetece: inventas então que conheces alguns outros. Encontram-se regularmente.
A vida não serve para mais nada.
E todos alinham no jogo, de um modo ou de outro.
Apertados em malhas de necessidade.
Amigos? Desde que não me lixem...
Que é difícil ser estrangeiro, não é?
Aquela tem os olhos bonitos. É boa rapariga — boa amiga. Ainda havemos de ir para a cama juntos.
Gostam do que este diz: é muito espirituoso.
Outro é o que dá sempre boleia. Muitas garotas o apreciam.
Sentamo-nos todos ao redor de uma mesa de café e falamos, tanto, e bebemos, e falamos mais... Nunca sei o que dizemos, ao certo, mas são coisas que devem ter a sua importância.

Ou então vamos para casa de alguém: são sempre bons serões, a jogar a qualquer coisa, a beber, a ouvir música. Há quem se apaixone.
Há aqueles que são muito egoístas.
X? Um vaidoso.
E B? Uma petulante.
Não nos podemos dar com toda a gente.
Desde que não me peçam dinheiro emprestado... Há tipos que são puros oportunistas.
Um amigo, no entanto, é sempre um amigo.
O melhor ainda é gostar daqueles que gostam de nós.